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24.6.14

Paula Dib e seu Design de Impacto Social

Trago hoje um apanhado sobre um assunto enriquecedor para todos nós, o Design de impacto social, aqui representado pelas práticas e projetos da designer brasileira Paula Dib. Paula Dib atua com foco no design centrado no ser humano, co-criando junto a comunidades urbanas e rurais, oferecendo novas soluções focadas no bem-estar e na transformação social local. Seus projetos tem como pilar a experimentação, trabalhando sobre valores fundamentais da vida de cada comunidade.





Impossível não se encantar com as palavras de Paula sobre sua visão do Design e sobre seu trabalho. Deixem-se inspirar com seu relato no texto abaixo "Caminhos no Design" escrito por ela para a Organización Latinoamérica de Producción Intelectual en la disciplina del Diseño:

"O que me encanta no design é a amplitude de ferramentas desenvolvidas e estimuladas que temos como criativos, e como ele nos convida a utilizá-las para melhorar da vida das pessoas. Seja no âmbito que for, da criação da embalagem de shampoo, a cama, sofá ou poltrona. Essa relação do design com as pessoas é absolutamente fascinante e enriquecedora. O caldo para criação é farto, cheio de nuances, temperos e sabores.

Isto nos leva a um outro estágio de envolvimento e consequentemente de percepção, que amplia enormemente o leque de possibilidades e caminhos. Ganha uma “realidade ampliada”, pois se afasta do ponto de vista unitário do criador e parte para a força da visão do todo.

Este é o design inclusivo, generoso, atento, observador, estimulador de potencialidades, que nascem de um exercício coletivo de experimentação e descoberta.

Sob esta perspetiva, ao analisarmos a realidade brasileira vemos que de um ponto de vista mercadológico e social o Brasil estruturou-se através de um modelo de desenvolvimento excludente, onde de um lado, temos o país emergente dos grandes centros urbanos, visando um desenvolvimento em moldes estrangeiros, e de outro, o Brasil regional, muitas vezes sub-desenvolvido -ou sub-valorizado- mas com ricas expressões culturais e sociais.

Considerando este contexto, a proposta de atuação é unir, através do design, esses dois pólos sociais brasileiros, desenvolvendo produtos juntamente com comunidades artesanais, criando alternativas de renda, gerando auto-estima e valorizando sua cultura e identidade regionais originais brasileiras.

Neste processo de aproximação, percebemos a mudança da visão do design X artesanato como dois campos diferentes. Começamos a considerar design E artesanato como uma rica confluência que ultrapassa as fronteiras do design, em busca de um delicado equilíbrio entre tradição, modernidade, cultura, arte, conduta, política, natureza e questões sociais.

Com relação à metodologia aplicada, o trabalho acontece principalmente em comunidades urbanas e rurais de produção artesanal em todo território brasileiro.

O desenvolvimento tem início com um diagnóstico, à principio de observação da vida como um todo, dos costumes, das tradições, do ritmo local, das crenças, das lideranças, da natureza. É um momento de sentir, pois os lugares influenciam as pessoas, e as pessoas influenciam os lugares.

Cada local tem sua própria natureza, cada pessoa tem sua própria natureza. Para entender a natureza de cada local é preciso saber qual é a intenção e, ao observar, estar consciente de que observamos por um ponto de vista.

Pois nossa visão é essencialmente subjetiva baseada nas nossas experiências pessoais, estudos, valores, ética e principalmente nas experiências sensoriais. Nessa colheita de sensações: formas, cores, cheiros, texturas nos permitem alcançar um estado mais limpo de percepção.

E então, partindo do espaço e das pessoas que ali vivem, como princípio organizador, estabelece-se o ritmo e desenvolvimento do trabalho.

É fundamental desenvolver a observação criativa e viver o local com um profundo sentimento de relacionamento. Percepção requer envolvimento. Enxergar a totalidade, vivenciar cada detalhe.

Respeitar técnicas tradicionais, o uso e extração das matérias primas, os processos e o tempo de cada lugar e trabalhar com entusiasmo para renovar e redescobrir.

Consciente destes tantos aspectos, desafiar conjuntamente todas as coisas a serem diferentes e se desafiar a pensar diferente. Baseando-se em recursos e habilidades locais, utilizando todos instrumentos e ferramentas criativas, oriundas do design.

Pois, construir a partir de verdades é um exercício maravilhoso."




Se você ficou curioso para ver o trabalho da Paula confira o video acima onde ela apresenta o projeto de brinquedos pedagógicos em Moçambique com bio-construção e confira as estampas africanas (clicando aqui) co-criadas em uma oficina juntamente com alguns locais.


Além de sua rica trajetória Paula foi vencedora do prêmio International Young Design Entrepreneurs of the Year de 2006, e co-dirigiu um documentário sobre os mestres do couro da região do Cariri. Foi homenageada pela revista Trip como Transformadora 2013 e em seu caminho do sertão do Ceará a África, passando por  Londres, Paula valoriza os processos e as pessoas, que são sua principal matéria-prima.




Um pouco mais sobre o trabalho da Paula ilustrado por imagens abaixo. Para ver e saber mais detalhes acessem o Behance dela.














Gostou de conhecer a Paula Dib e quer saber mais sobre seu trabalho? Acesse o site dela clicando aqui e confira mais esta entrevista com esta designer de idéias fascinantes. Curtam o video da entrevista abaixo (em inglês) para o site Design Indaba onde Paula Dib fala juntamente com Adélia Borges, ao evento What Design Can Do de 2011, sobre o projeto de Design que tem como compromisso melhorar vidas.




E aí? Curtiu saber que o design pode ajudar pessoas e construir comunidades melhores? Quatro designers falam sobre estas questões no site Design Indaba. Lá você também encontra outra entrevista com a Paula Dib.

Para ler mais sobre Design Social acessem o livro Sustainist Design Guide e o livro Design for Social Impact da Ideo. Tenho algumas referências para vocês no meu slideshare. Boa pesquisa :)

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