Trago hoje este projeto conceitual de Wonchan Lee para todos pensarem que não podemos ser simplistas na hora de projetar. Pesquisa sobre as características do produto, seu processo industrial e momento de consumo é fundamental. Neste caso o designer só pensou na questão da embalagem, provavelmente não pesquisou o motivo da cerveja ser embalada em vidros no tom âmbar, por exemplo. Um ponto muito importante no que tange um projeto de embalagem é a questão da manutenção da qualidade do produto da produção até o momento do consumo. A idéia de embalar cerveja em sacos parece interessante a princípio, mas daí a dúvida não recai sobre o material plástico e sim sobre a incidência de luz sobre o produto: a cerveja.
Para esta questão consultei o Armando Fontes, designer e expert em cervejas artesanais e gestão de marcas de cervejas que fala o que acha para gente:
"São várias as considerações, o projeto é conceitual mesmo porque não daria certo em condições normais. A cerveja vai sempre pressurizada (na garrafa de vidro ou lata). Numa embalagem de tetrapak ou plástico flexivel não daria certo. No máximo pet.
A transparência do material é outro problema. Garrafas são normalmente âmbar pra proteger a bebida, pois a luz interfe no lúpulo (que dá amargor, aromas e é um conservante natural da cerveja). A incidência de luz nas cervejas mais delicadas causa um efeito chamado "light struck" que dá um cheiro que é semelhante ao de gambá.
A embalagem só levou em consideracao a sustentabilidade, e não levou pensou o processo industrial nem as características do produto. É um erro bem comum, né? Principalmente quando só vemos o projeto num esfera de problemas. A parte psicológica de beber numa embalagem tipo saquinho também não me parece legal. Usar canudo? Seria o fim do "tin tin"?"
Mesmo chegando a conclusão de que este projeto conceitual provavelmente nunca seria implementado, vale a pena mostrar que em outras condições o plástico pode ser uma boa idéia… Você tomaria refrigerante em saquinhos, por exemplo? Vale relembrar o refrigerante para viagem que, diferente desta proposta daqui, se trata de uma adaptação a uma prática de consumo local do produto em El Salvador. Agora percebem como tudo depende do contexto?
Super pertinente completar esta postagem com o comentário do Luis Gustavo Coutinho lá no facebook: "Certíssimo! No saquinho, só se for para o consumo imediato, como fazem os vendedores de rua chineses (vide video abaixo)"
Certíssimo! No saquinho, só se for para o consumo imediato, como fazem os vendedores de rua chineses: www.youtube.com/watch?v=w7FSwE0vOY0
ResponderExcluirObrigada por sua contribuição Luis :) Acrescentado na postagem!
ExcluirAbs