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14.1.14

Tipografia Vernacular: Letras de Pernambuco



Que tal começarmos o ano com o pé direito e com uma promoção? Aproveite esta postagem e participe para concorrer ao livro "Abridores de Letras de Pernambuco"!





Mas antes, vamos a história do livro… A designer gráfica Fátima Finizola junto com Solange Coutinho e Damião Santana lançaram em 2013 o livro Abridores de letras de Pernambuco: Um mapeamento da gráfica popular que apresenta, registra e amplia o conceito do trabalho de artesãos e profissionais que trabalham com letreiros e resistem com seus pinceis, tintas e técnicas analógicas de outras épocas.

Acho válido lembrar a vocês que a Fatima Finizola já tinha lançado em 2010 o livro "Tipografia Vernacular Urbana: uma análise dos letreiramentos populares." dentro da coleção Pensando o Design da Editora Blucher. Me parece que estes projetos são quase complementares, e vale a pena conferir ambos!

Agora, para entender mais sobre as motivações desta pesquisa e da autora/pesquisadora vale conferir as entrevistas que coletamos e compilamos por aqui logo abaixo.





Fatima Finizola contou para o projeto O Brasil com S por que pesquisou o design popular do sertão pernambucano?
"Quando pequena tinha o hábito de viajar de carro com a família para o interior de Pernambuco e do Rio Grande do Norte. Aquelas paisagens e imagens do agreste e do sertão de alguma forma ficaram guardadas na minha memória: as feiras públicas com frutas e legumes fresquinhos, badulaques e utensílios domésticos; as cores, formas e texturas do artesanato; a pista, a paisagem mudando diante de meus olhos pela janela do carro; o queijo quente na lanchonete da beira da estrada, a noitada na rede da Tia Dulce, o passeio de jegue na fazenda do Tio Xinda, a primeira vez que furei meu dedo com um cacto…  O meu interesse pelo design informal, não acadêmico, carregado de significados e marcas culturais e produzido por aqueles que estão à margem da academia, me levou ao sertão de Pernambuco. 

Em 2012... iniciamos o projeto, partimos da capital do Estado com o desafio de tentar encontrar os ‘dialetos gráficos’ que se escondiam nas paisagens urbanas do litoral ao interior de Pernambuco. Por meio da observação e registro dos letreiros populares confeccionados artesanalmente, por 12 pintores de letras, procuramos resgatar a cultura gráfica informal do estado, e descobrir as peculiaridades e semelhanças desta produção em 6 cidades do Estado. 


Nessa busca, o Sertão, em particular, deixou marcas. Nesta região visitamos três cidades: Arcoverde, Salgueiro e Petrolina. A inventividade e criatividade do sertanejo – presente na sua produção artesanal, muitas vezes feita de improviso, impulsionada pela necessidade de resolver algum problema – estavam bem ali na nossa frente. Da urgência de divulgar um serviço na beira da estrada, surgiam na paisagem da caatinga letras vivas com uma ortografia nem sempre precisa mas de conteúdo certeiro – lanchonete, borracharia, oficina mecânica, vende-se, conserta-se de tudo. Deixando a paisagem sertaneja bucólica da beira da estrada, também descobrimos um sertão moderno, de centros urbanos em desenvolvimento com forte potencial econômico. Ao mergulhar no cotidiano destas cidades, tivemos uma grata surpresa: descobrímos alguns mestres pintores de cada localidade e conhecemos as estórias de uma profissão que resiste até hoje às tecnologias digitais de impressão que também chegaram ao Sertão.

A dedicação, precisão e criatividade dos personagens entrevistados é algo fascinante. Por meio de materiais e ferramentas simples – basicamente a tinta e o pincel -, surgem as letras artesanais sertanejas: letras de forma – retas ou boleadas -, manuscritas, caligráficas, quadradas, gordas, bicolores, em degradê. Estampam muros, fachadas, placas, lameiras de caminhões, barcos, entre outros suportes. A escolha do ofício parece já ter sido predestinada desde o momento da descoberta do dom artístico de cada pintor ainda na infância ou adolescência. As inspirações vêm do trabalho de outros mestres, de catálogos de letras, das letras estampadas em revistas e folhetos. As técnicas e ferramentas foram aprimoradas com a prática de anos de trabalho.

Como o mestre Aloísio Magalhães já havia observado ainda na década de 1970, ‘o artesão brasileiro é basicamente um designer em potencial’, temos grandes lições a aprender com o fazer popular e com o fazer sertanejo. O pintor de letras do sertão pernambucano mantém-se firme na tradição de seu ofício pois reconhece o seu lugar no mercado e confia no seu potencial e senso estético.

Partimos com a missão de registrar artefatos da gráfica popular para preservar a memória da produção informal de design gráfico – visivelmente ameaçada, em algumas localidades, pelas novas tecnologias – e trouxemos a bagagem cheia de aprendizados e esperança."





Você pode ter pensado sobre como esta estética e saber popular pode contribuir com alunos e profissionais em suas rotinas, todos tão acostumados com uma cultura visual globalizada. Pois a Fátima responde:

"Hoje, observamos algumas mudanças nesse cenário diante de várias iniciativas no campo do design que visam valorizar elementos da cultura local a fim de diferenciar a nossa produção no mercado global. A inspiração para novos projetos de design pode estar aqui bem debaixo do nosso nariz. O caminho de valorização da cultura e da produção popular mais ingênua além de ser uma fonte riquíssima de referências para a produção do design formal, também ajuda a fortalecer a nossa cultura e tradições locais, seja por meio do registro desta memória ou pela tentativa de dar maior visibilidade ao trabalho destes artífices, para quem sabe tentar reinseri-los no mercado de forma mais competitiva. Além disso, o designer pode reincorporar elementos dessa estética por meio de remixes, releituras e novas interpretações, bem como aprender com as técnicas artesanais destes profissionais, dando um novo sentido a esta produção ao mesmo tempo que reforça a sua cultura local."





Ficou com vontade de folhear o livro? Dá para ver uma amostrinha abaixo. Quer saber mais sobre a pesquisa do livro? Confira uma entrevista com a autora clicando aqui.





Mas se você quer concorrer a um exemplar do livro "Abridores de Letras de Pernambuco" basta comentar E compartilhar publicamente a postagem do livro na página do Ame Design no facebook para garantir que sua participação seja computada, ok? Sortearemos entre as pessoas que fizerem as duas ações (comentário e compartilhamento público) até o dia 30 de janeiro de 2014. Divulgaremos o resultado aqui no final do dia 30.01.2014 nesta postagem e nas redes do blog (facebook e twitter)

E pra quem quiser saber mais sobre o projeto acesse o hotsite de lançamento do livro clicando aqui.

Curtiu este trabalho de tipografia? Então você vai gostar da iconografia de carroceria de Pernambuco também da mesma autora :)

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Atualização - Resultado do sorteio:  
Mateus Alves é o sortudo a ganhar o livro "Abridores de Letras de Pernambuco"!!! Super parabéns! 

3 comentários:

  1. só pra informar que esse tipo de sorteio não é mais permitido. trabalho com ações promocionais e não se pode obrigar o usuário a curtir e compartilhar nada. restrição do próprio facebook. agora que ja fizeram...boa sorte

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    1. Obrigada por avisar Felipe. Vamos ficar mais atentos na próxima :)

      Abs e seja sempre bem vindo.

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  2. puxa, que trabalho e proposta fantásticos. uma bela reflexão e memória sobre elo de criatividade que nos transporta um elo existente entre o analógico e o digital. Nos fáz pensar sobre para onde a velocidade nos está nos levando e ponderarmos que cada manifestação de arte é contemporânea ao seu tempo. E saber de onde viemos e quais foram nossas raízes impressas é muito mais importante do que o futuro que nem sabemos se existe.até

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