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26.10.15

O Design e a Crise


"Se olharmos para o passado poderemos encontrar vários exemplos onde o design floresceu em períodos de recessão contribuindo para o sucesso das empresas que usaram a sua capacidade criativa [...]

Como designers teremos o desafio de realizar nosso trabalho considerando cada vez mais as reais necessidades das pessoas e da sociedade. Teremos que criar e promover uma experiência legítima e uma relação afetiva dos objetos, serviços e marcas com o nosso público. Será nosso papel incentivar a produção local, industrial e artesanal, minimizando a importação de manufaturados e insumos.

Continuará a ser nossa obrigação ética projetar produtos mais inteligentes e duráveis, fáceis de serem reparados pelo próprio consumidor, eficientes, econômicos e com baixo impacto sobre o meio ambiente."

Resolvi replicar aqui (acima) este trecho do texto de Angela Carvalho sobre Design em tempos de crise,  no qual ela cita o texto de Michael Cannell "Design loves a Depression" de 2009 que eu também achei bem pertinente para o nosso momento brasileiro. O debate é muito interessante para pensarmos que, principalmente em um momento de crise, o design tem muitos caminhos a trilhar como citou Angela.

Em 2012, Gui Bonsiepe também falou sobre Design e Crise (texto clicando aqui): “O design tem a função imprescindível de integrar ciências e tecnologias na vida cotidiana de uma sociedade, concentrando-se na zona intermediária entre produto e usuário, chamada de ‘interfaces’. Dessa maneira, o Design pode contribuir para fazer mais habitável o mundo dos artefatos materiais e simbólicos. [...] A crise oferece a oportunidade – e impõe a obrigação – de revisar os valores de referência aceitos até o momento” afirmou.





Novas oportunidades surgem também quando os designers mudam seu foco de atenção dos bens de consumo para necessidades mais urgentes como infraestrutura, habitação, planejamento urbano, mobilidade, energia, saúde, entre outros. Afinal, nós designers somos os profissionais adequados e preparados para trazer novas maneiras de olhar para problemas complexos. Já pararam para pensar quanta demanda existe? Quantas oportunidades de melhorias?

Neste ponto tem gente pensando 'mas como um designer faz isso?' e eu respondo 'utilizando o que você aprendeu sobre design thinking e design de serviços, por exemplo'. Chegou a hora de arregaçar as mangas e colocar em prática aquele cursinho que você fez, chegou o momento de mostrar para os clientes como podemos fazer mais pelo negócio dele e pela sociedade, além da comunicação de intenções da marca.

Pois é, mesmo que pareça contraditório, quando o assunto é trabalho criativo, "limitação é liberdade". Afinal, se a melhor maneira de superar bloqueios criativos é ter algumas restrições, então estamos no momento perfeito para sermos melhores do que antes :)

Nada melhor do que um bom debate para mexer com nossas idéias... então finalizo deixando questões no ar com um contraponto ao artigo de Cannell, uma réplica espirituosa, também datada do mesmo ano, chamada "Design Hates a Depression" de Murray Moss do site Design Observer. O que vocês acham? O design se torna mais criativo com restrições?


“O Design gosta de crise  porque crise é sinônimo de problemas e oportunidades,  e o Design se dá bem com os dois.”   Lincoln Seragini



Mais alguns textos pertinentes ao debate:
Como o design pode ajudar em tempos de crise (texto de 2009)

Apesar do texto "Porque o design é um bom investimento em tempos de crise?" ter argumentos substancialmente diferentes dos que eu apresentei aqui, fica como dica extra para ajudar na sua argumentação com o cliente, ok?

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