Criador de um movimento estético denominado Armorial, o poeta e romancista brasileiro Ariano Suassuna incentivou “a criação alheia de uma heráldica nordestina, mais especificamente sertaneja”, em que os ferros de marcar gado (dentre outras manifestações culturais) refletissem “todo um espírito da tradição que, vindo da Península Ibérica, aqui se corporificou mágica e ludicamente”. Daí surge o Alfabeto Armorial. Abaixo, alguns caracteres desse alfabeto.
Parece que o termo ”Armorial” foi usado como adjetivo por Suassuna por idealizar um sertão quase que medieval à maneira brasileira, comparando os cangaceiros aos cavaleiros, os donos de fazenda aos rei e condes e suas filhas a princesas.
O escritor viu semelhanças entre 'as formas meio hieroglíficas dos ferros sertanejos mais abstratos' com alguns dos signos ligados à astrologia, ao zodíaco e à alquimia, e acha que alguns dos primeiros fazendeiros podem ter escolhido para seus ferros os símbolos astrológicos de seus signos e planetas pessoais. Os desenhos dos ferros familiares vão se alterando no decorrer das gerações… O pai de Ariano, último filho, tinha o mesmo ferro de seu avô e de seu bisavô. O escritor guarda como 'objetos sagrados' os ferros com os quais seu pai marcava pessoalmente seu gado nas fazendas Acauhan e Malhada da Onça.
Com base na observação detalhada dos ferros do Cariri, Ariano Suassuna criou à mão um alfabeto. E foi sobre ele que os designers Giovana Caldas e Ricardo Gouveia de Melo trabalharam para criar a fonte digital em 2001. Ambos tomaram conhecimento da tipografia armorial na segunda metade da década de 90, quando prestavam serviços para a Secretaria de Cultura de Pernambuco, então ocupada por Ariano, através de seu escritório Id. Comunicação Visual.
Quer baixar uma versão digital da tipografia armorial? Basta clicar aqui
"A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos "folhetos" do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus "cantares", e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados". Ariano Suassuna, Jornal da Semana, Recife, 20 maio 1975.
Ariano Suassuna, A Acauhan, ou, A Malhada da onça, 1983. Óleo, guache, nanquim/papel. Foto: Cristiana Isidoro. Direitos reservados. Uso não comercial |
Um viva a cultura e estética brasileira!
Gostou e quer acompanhar mais de perto assuntos sobre o Movimento Armorial? Tem página no facebook para seguir. Abaixo uma aula gravada com Ariano Suassuna no video e fica aqui nossa homenagem a este grande nome de nossa literatura.
Aqui várias fontes para você pesquisar mais sobre a estética armorial: Ferros do Cariri: uma heráldica sertaneja, de Suassuna citado no site+ Arte Armorial+via + Estética armorial + Movimento Armorial + Tipos armoriais de Suassuna
Nenhum comentário:
Postar um comentário