9.3.14
A cabeça de Geniol:
quando a publicidade vira peça de antiguidade
Viagem de designer é assim… passamos pelos lugares que todos passam, mas procuramos sempre um algo a mais, aquela coisa diferente para fotografar, aquele angulo… e este nosso jeitão diferente também se reflete no que trazemos destas viagens.
Pois eu curto entrar em todas aquelas lojas de coisas velhas, mas velhas mesmo :) bem "Garage Sale", e geralmente acho minhas melhores preciosidades onde ninguém esperava encontrar. Pois foi assim que em uma de minhas viagens entre Argentina e Uruguai dei de cara com uma figura peculiar que me chamou a atenção: uma cabeça careca meio kitsch cheia de pregos com um sorriso no rosto. Achei divertido, mas deixei lá…
Até que, viajando novamente ao Uruguai, dei de cara com a mesma figura em outra cidade e me deu um estalo: tem algo mais por traz desta figura. Pois então segue a história do GENIOL, um clássico da propaganda argentina da década de 30/40. Não preciso nem dizer que irei atrás de uma figura destas na próxima viagem... kkk
Parece que os primeiros posters datam de 1929, a face com o personagem sorrindo agradecendo o efeito do remédio, suporta alfinetes, parafusos, anzóis e outros objetos pontiagudos espetados em sua cabeça… essa é a descrição da metáfora visual de uma dor-de-cabeça. Uma boa idéia, temos que concordar :)
Com esta figura dá para comunicar a quem observa uma imagem bem representativa da dor. O cara que criou este personagem criativo, simpático e icônico, apesar de "dolorido" foi Lucien Achille Mauzan (Afiches Mauzan) de Buenos Aires na década de 20, que é considerado o pai da publicidade em cartaz na Argentina.
A história do processo criativo é bem divertida e mostra como o relacionamento do criativo com o cliente sempre foi, digamos,parecida :) Conta a história que…
"Em 1927 o farmacêutico Suárez Zabala e o perfumista Dubarry, fundaram os Laboratorios Suarry.
Suárez Zabala tinha uma grande intuição para a publicidade e diz a lenda que contratou um famoso desenhista e publicitário, chamado Mauzan, que lhe apresentou uma série de esboços para o produto Geniol (aspirina, carro chefe do laboratório). Zabala não aprovou nenhum.
Irritado, em um momento de descanso, o desenhista realizou uma caricatura do Sr.Suárez Zabala e colocou parafusos, pregos e pinos em sua cabeça. De repente, por cima do ombro uma voz exclamou: “Gostei muito desse! Acertou em cheio!”.
Em 1945 durante a Segunda Guerra Mundial, o caráter nacional do medicamento o leva a ser líder no mercado das aspirinas. A empresa Smith Kline y Beechman (Glaxo SmithKline hoje) adquire o laboratório fundador do Geniol em 1955."
Aos poucos, a 'cabeça' tornou-se um item de colecionador negociada em lojas de antiguidades. O uso da famosa cabeça gerou um tabu quando cogitada a voltar a publicidade no novo laboratório já na década de 90, chegando a ser considerada uma representação de masoquismo.
Abaixo uma propaganda meio surreal, última propaganda usando o citado personagem… kkk
(acho que já da tentativa de ressucita-lo, já em 2007)
por
Carol Hoffmann
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